Barqueiro de Hades

Um bom caso de uso de IA

7 de maio, quarta-feira

Em 1824, a Nona Sinfonia de Beethoven foi estreada em Viena. Então, que tal dar play no Ode à alegria enquanto aprecia a nossa news?

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TECNOLOGIA & LEIS
O barqueiro de Hades

Imagem: Giphy

Tem muita empresa por aí tratando inteligência artificial como se fosse glitter: joga em tudo, brilha bonito, mas no fim não serve pra quase nada. Aí surge o Important Stories (IStories) e mostra que, sim, ainda dá pra usar IA com propósito — e propósito pesado. Trata-se de uma plataforma de jornalismo independente que usa IA pra vasculhar a internet em busca de relatos sobre militares russos mortos na guerra contra a Ucrânia.

Em um contexto em que o governo russo faz de tudo para esconder o número real de baixas (e proíbe até questionamentos públicos sobre a guerra), a coisa fica séria. Imagina ser familiar de um soldado e não saber se ele está vivo? Pois é.

Para dar conta dessa treta, a galera do IStories se juntou com a Global Investigative Journalism Network (GIJN) e criou um modelo de IA treinado em obituários. Depois de quase um ano coletando anúncios de falecimento, a IA foi treinada para diferenciar mortes ligadas ao conflito de mortes "naturais". O resultado? O banco de dados Charon — em referência ao barqueiro de Hades, que leva almas para o submundo. 

🔎 Quem disse que foi fácil?

Hoje a IA tá funcionando direitinho, mas no começo ela chegou a listar o ator Alan Rickman (o eterno Snape de Harry Potter) como morto em combate, sendo que ele morreu de câncer há quase uma década. 

Depois de alguns ajustes, o Charon virou ferramenta de uso diário dos jornalistas. Hoje, consegue identificar se a morte de um soldado foi em combate, depois do retorno ao país ou em outras situações. A IA puxa dados como nome, idade, data de mobilização, região da morte e outras infos úteis para montar o quebra-cabeça da guerra.

Apesar de ainda precisar de checagem manual, a ferramenta acelera muito o processo. Em vez de anos de pesquisa, os dados agora são consolidados em bem menos tempo. E ainda encontra soldados que passaram batido por outros bancos de dados — cerca de 30 nomes inéditos a cada 100 mortes identificadas. 

Até 24 de fevereiro de 2025, o IStories já tinha rastreado mais de 103 mil pessoas. Só que ainda faltam mais de 10 mil relatos para analisar, fora os dados dos meses mais recentes do conflito. 🙁

No fim das contas, o IStories é um tapa na cara de quem acha que IA é só pra fazer vídeo deepfake ou gerar imagem em aquarela. Aqui, a tecnologia está ajudando a contar uma história que o Kremlin tenta esconder a todo custo. Por mais “IAs do bem”.

🕵️ Para se aprofundar

AI for Social Good - Um report da McKinsey que mapeia soluções de IA com impacto social

Ajude o brifão a ficar ainda melhor. Quebra essa e responde a pesquisa!

🏃‍♀️ ️ Don't leave, just read (pra ler rapidinho)

MegaloMusk

☝️ O que rolou? Notícia duplamente nonsense envolvendo nosso malvado favorito, Elon Musk. A primeira é que ele está querendo emplacar a ideia de que o acidente que rolou, em 2016, com o Foguete Falcon 9 da SpaceX, teria sido causado por um atirador de elite (!), apesar da teoria nunca ter sido por nenhuma investigação oficial. A segunda, bem mais grave, é que Musk está trabalhando para fundar sua própria cidade no Texas — a “Snailbrook” — para abrigar funcionários da SpaceX e da The Boring Company, tudo com uma dose generosa de controle sobre leis locais, moradia e infraestrutura.

👀 Pra ficar de olho: O avanço de Musk em direção a uma espécie de "estado corporativo" levanta bandeiras vermelhas sobre o poder desproporcional de bilionários na definição de políticas públicas — e mostra que, para além dos foguetes, a ambição é construir um mundo sob sua própria órbita. Literalmente.

De fachada


☝️ O que rolou? A OpenAI voltou atrás na ideia de se tornar uma empresa com fins totalmente lucrativos. Depois de anos operando em um modelo híbrido — com uma fundação sem fins lucrativos no topo e uma “camada lucrativa limitada” por baixo — a empresa avaliava mudar sua estrutura para algo mais convencional, como uma holding com ações. Mas a proposta enfrentou resistência interna e foi oficialmente descartada. Ao mesmo tempo, a OpenAI vem enfrentando dificuldades para atender à demanda crescente por seu principal produto, o ChatGPT — o que a forçou a repensar sua estrutura para escalar com mais eficiência.

👀 Pra ficar de olho: A decisão de manter o modelo atual sinaliza um equilíbrio delicado: a OpenAI quer crescer rápido, mas sem abrir mão da narrativa de que está alinhada ao “interesse da humanidade”. Ao mesmo tempo, a pressão por escala, lucro e vantagem competitiva está cada vez mais presente e o risco é que a estrutura idealista vire uma fachada para práticas de big tech tradicional.

Apple na mira dos devs


☝️ O que rolou? Um grupo de desenvolvedores entrou com uma ação coletiva contra a Apple nos EUA, acusando a empresa de desrespeitar uma decisão judicial que a obrigava a permitir links externos de pagamento nos apps da App Store. Segundo os autores do processo, a Apple criou tantas barreiras técnicas e exigências que, na prática, impediu que a medida fosse aplicada.

👀 Pra ficar de olho: A Apple já foi criticada antes por seu controle rígido sobre a App Store, mas esse caso pode virar um precedente importante sobre monopólios digitais. Se os desenvolvedores vencerem, pode abrir espaço para mais autonomia na forma como apps cobram seus usuários e pressionar outras big techs a reverem seus modelos fechados.

Bitcofre


☝️ O que rolou? O estado de New Hampshire se tornou o primeiro dos Estados Unidos a concluir o processo de criação de uma lei para o desenvolvimento de um cofrinho de bitcoin ou nos termos oficiais: uma reserva estratégica de bitcoin. O projeto de lei permite que o estado invista até 5% de todos os seus fundos públicos em criptomoedas que tenham uma capitalização de mercado superior a US$ 500 bilhões. No momento, apenas o bitcoin se enquadra na categoria.

👀 Pra ficar de olho: A criação de reservas estatais de bitcoin é vista por analistas como um dos passos mais importantes para uma valorização expressiva da criptomoeda ao longo dos próximos anos. Vale lembrar que no passado, estados como a Pennsylvania, Wyoming, Montana, Dakota do Norte e Dakota do Sul rejeitaram projetos de reservas estratégicas de bitcoin.

👀 De olho no TecMundo (o grande irmão)

  • Início do fim - Microsoft alerta sobre encerramento do Windows 10

  • Fake news - STF julga denúncia contra acusados de espalhar mentiras eleitorais em redes sociais

  • Ataque Real - Robô surta e quase bate em humano em fábrica na China

  • De menor - Google vai liberar Gemini para menores de 13 anos

  • Novo look - Vaza o visual atualizado do Android

THE BRIEFCAST
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🧠 Think Tank

Já parou pra pensar por que temos humanos criando máquinas para superar humanos? Pra ilustrar, veja esse caso aqui.

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