Brainrot também afeta a IA!

Uma nova pesquisa mostrou que alimentar LLMs com conteúdo ruim as deixa mais burras, teimosas e até narcisistas.

24 de outubro, sexta-feira

Sextamos finalmente com o Dia das Nações Unidas, ou Dia da ONU! É o dia de celebrar a única organização onde 193 países se reúnem pra debater e tentar resolver os problemas do mundo. No entanto, o seu famoso Conselho de Segurança passa mais tempo em reuniões do que agindo, provando que às vezes, para manter a paz, é preciso primeiro lidar com a burocracia. É a prova de que até a maior organização do planeta também se enrola na hora de resolver o caos em que o mundo anda… 🌎

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IA & TECNOLOGIA
BRAINROT TAMBÉM AFETA A IA!

Italian Beach GIF

Imagem: Giphy

Por Igor Almenara

Se você já sentiu que passar tempo demais rolando o feed te deixou mais burro, saiba que as inteligências artificiais estão passando pelo mesmo problema. Uma nova pesquisa mostrou que o consumo exagerado de conteúdo ruim não apodrece só o cérebro humano — apodrece o das máquinas também.

No estudo “LLMs Can Get ‘Brain Rot’”, pesquisadores da Texas A&M University, University of Texas at Austin e Purdue University descobriram que treinar grandes modelos de linguagem com lixo digital — tweets vazios, clickbaits e desinformação — leva a um tipo de “declínio cognitivo” em IAs generativas.

🫏 Modelos ficaram mais burros 

Os cientistas criaram uma base de dados de puro conteúdo ruim, colhido diretamente do X (antigo Twitter). Eles dividiram o material em duas categorias:

  1. Postagens curtas, com muitos likes e republicações (ou seja, puro apelo de engajamento), e;

  2. Textos longos, mas rasos, cheios de manchetes falsas e armadilhas de cliques.

Com isso, treinaram quatro modelos diferentes: Llama3 8B, Qwen2.5 7B, Qwen2.5 0.5B e Qwen3 4B. O resultado foi o esperado: todos apresentaram queda significativa em habilidades cognitivas.

Os modelos começaram a ter dificuldade de entender contexto, seguir regras de segurança e até refletir de forma lógica. O que mais se deteriorou, curiosamente, foi o da Meta.

Além da burrice, o efeito colateral mais curioso foi o surgimento de mudanças de personalidade. Os modelos começaram a ficar mais narcisistas e teimosos.

🧠 Apodrecimento é difícil de reverter

E o pior: não dá para consertar completamente. Mesmo aplicando técnicas de mitigação, os pesquisadores não conseguiram reverter o dano. Uma vez treinada com conteúdo ruim, a IA parece ficar permanentemente afetada — como se tivesse passado tempo demais no TikTok.

O termo brainrot, se você estiver por fora da cultura da juventude digital, surgiu como meme nas redes para descrever aquele estado mental causado por excesso de vídeos curtos, fofocas e takes absurdos. Com a massificação desse efeito, o assunto virou uma hipótese científica — e, ironicamente, uma metáfora perfeita para o próprio estado atual da web.

A conclusão dos pesquisadores é bem óbvia: alimentar modelos com tudo o que está online não é uma boa ideia — e como todo mundo já bem sabe: nem tudo que está na internet é verdade. Afinal, é esse tipo de “dieta informacional” que gera aberrações como o Gemini recomendando misturar cola branca no queijo da pizza “para melhorar a aderência”.

👀 DE OLHO NO TECMUNDO (o grande irmão)

📄COLUNA (por Sergio Maria)

Um novo estudo da Anthropic revela um alarme de segurança existencial: bastam apenas 250 documentos maliciosos para comprometer e criar backdoors ocultos em qualquer modelo de IA, independentemente do seu tamanho. A descoberta desafia todas as suposições sobre segurança de IA, provando que defesas tradicionais falham e que o envenenamento de dados é trivialmente fácil de executar.

Descubra na coluna de Sergio Maria por que a única solução confiável pode ser retreinar seu modelo do zero, e por que a grande questão de governança é: se você não pode auditar o que a IA aprendeu, como confiar no que ela decide?

Sergio Maria
Executivo com trajetória consolidada em startups, bigtechs e mídia. Foi Chief Digital Officer da CNN Brasil, Diretor no Google para a América Latina e liderou projetos de transformação digital e inovação na Globo. Atua na interseção entre tecnologia, governança e valores humanos, com foco em transformar a complexidade digital em valor. É fundador da 42ENGINE, consultoria em inovação e inteligência artificial aplicada, e da Newscale, plataforma de IA consequente voltada ao jornalismo. Coordena o Comitê Futuro da Governança do IBGC e também atua como conselheiro e investidor em iniciativas que conectam impacto, tecnologia e futuro. Além, é claro, de colunista do The BRIEF/TecMundo.

🏃‍♀️ ️ RESUMÃO DO BRIFÃO (o remember da semana)

🗸 O app de vídeos Sora, da OpenAI, virou um campo minado legal por permitir que usuários criem deepfakes de pessoas mortas, incluindo celebridades. Vídeos realistas com a imagem de Martin Luther King Jr. e Kobe Bryant em situações bizarras estão preocupando famílias. O problema expõe um grande vazio na lei e levanta a questão sobre quem controla o legado das pessoas na era da IA. Leia mais.

🗸 Segundo o analista Tim Bajarin, os óculos inteligentes com IA são a próxima grande plataforma, superando os smartphones. Empresas como Meta e EssilorLuxottica investem pesado, com a Meta planejando 10 milhões de unidades anuais. A ideia é que a IA nos óculos use a "linha de visão" para processar o mundo em tempo real e acompanhar o usuário em tudo que ele faz. Leia mais.

🗸 O Pix deu pane geral na segunda-feira (20), impedindo transferências para muitos usuários. O problema foi causado por uma queda massiva na AWS (Amazon Web Services), o serviço de nuvem da Amazon, que tirou do ar vários apps e sites populares, como o Mercado Livre e Mercado Pago, expondo a grande dependência da internet mundial na infraestrutura da Amazon. Leia mais.

🗸 A OpenAI desmentiu o rumor de que o GPT-6 seria lançado em 2025. Um pesquisador da empresa negou a informação, que gerou hype no mercado, já que a versão recente, o GPT-5, foi criticada por ser "fria". Apesar disso, o CEO Sam Altman prometeu um modelo "significativamente melhor" para o próximo lançamento, focado em aprimorar a "memória" e a personalização do robô. Leia mais.

🗸 O CEO da Nvidia, Jensen Huang, criticou as políticas comerciais dos EUA, chamando-as de erro caro. A empresa perdeu grande parte do mercado chinês, que ele descreveu como "vibrante". Huang defendeu que a Nvidia deveria ter liberdade para fornecer tecnologia de IA à China, em vez de ter que prever "faturamento zero" no país. Leia mais.

🗸 Um documento vazado da Amazon revela o plano de substituir mais de 600 mil empregos por robôs até 2033, eliminando até 75% dos cargos de armazém. A automação poderia gerar uma economia de US$ 12 bilhões. A Amazon afirma que não pretende demitir, mas sim deixar de contratar novos funcionários para as vagas que serão automatizadas. Leia mais.

🗸 Mais de mil personalidades, como o cofundador da Apple, Steve Wozniak, e o Príncipe Harry, assinaram uma carta pedindo uma pausa imediata no desenvolvimento de "super IAs". O manifesto alerta para o "risco à humanidade" se máquinas mais espertas que humanos forem criadas sem consenso, temendo que a tecnologia fuja do controle e afete a segurança global. Leia mais.

🗸 A Caixa Econômica Federal confirmou que lançará sua própria plataforma de apostas online até o fim de novembro, atuando digitalmente e em lotéricas. O banco quer surfar no boom do setor para compensar a queda da loteria tradicional. A meta é faturar entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões só em 2026. A nova bet terá cadastro rigoroso e só aceitará pagamentos eletrônicos, como Pix e cartão. Leia mais.

✍️ A REDAÇÃO RECOMENDA

  • A dicotomia da liderança (livro, 336 páginas, em português)

    Dos mestres de "Propriedade Extrema", este livro te ensina a ser um chefe ninja, achando o equilíbrio perfeito entre mandar e obedecer, e ser durão e gente boa ao mesmo tempo!

  • A lenda do Cavaleiro Verde (filme, 129 min, dublado e legendado)

    O teimoso Sir Gawain, sobrinho do Rei Arthur, aceita um desafio mortal e embarca numa aventura épica para lutar contra um gigante assustador que é meio homem, meio árvore.

  • O que descoberta revela sobre os antigos habitantes da maior floresta do mundo (vídeo, 8 minutos, em português)

    Arqueólogos acham urnas funerárias na Amazônia e provam que a floresta foi moldada por humanos antigos.

A sabedoria não é um produto da escolaridade, mas da tentativa de adquiri-la ao longo da vida.

Albert Einstein, físico teórico alemão

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