Leitura de humanos

E as burrices artificiais

3 de junho, terça-feira

Hoje é Dia Nacional da Educação Ambiental no Brasil, instituído em 2012, mas que pouca gente sabe. Deixamos aqui um trecho de uma entrevista com Carlos Nobre, um dos maiores cientistas climáticos do país, sobre o papel do cidadão comum na luta contra a crise climática.

⚡ O QUE VOCÊ VAI VER?

  • Leitura de humanos - matéria principal do dia

  • Don’t leave, just read - notícias quentes pra ler rapidinho

    • Microsoft explorando países neutros

    • Meta da Meta de matar as agências

    • OnlyFans batendo Apple e Nvidia em receita

    • PL que blinda parlamentares nas redes

    • Musk e Neuralink de caixa cheio

  • De olho no TecMundo - matérias direto do nosso grande irmão

  • Redação Recomenda - dicas de conteúdos diferentões para consumir

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TECH & IA
LEITURA DE HUMANOS

Imagem: Giphy

por Igor Almenara

Numa festa, uma troca de olhares recorrente, mas discreta, pode ser tudo o que alguém precisa para saber: opa, rolou interesse. Quase todo mundo entende (ou pelo menos finge que entende) esse subtexto. Porque, sejamos honestos, o ser humano se comunica muito além do “oi, tudo bem?” — e isso adiciona camadas e mais camadas de interpretação que até a gente tem dificuldade de explicar. Agora tente pedir isso de uma IA. Boa sorte.

Um estudo recente da Johns Hopkins University mostrou que inteligências artificiais continuam péssimas em ler o ambiente. Tipo aquele seu amigo que interrompe a conversa séria com uma piada sem noção. Só que, no caso das IAs, o problema não é falta de tato: é estrutural. Elas simplesmente não foram feitas para entender essas coisas de gente.

O experimento foi o seguinte: humanos e mais de 350 modelos de IA — incluindo os de linguagem, vídeo e imagem — assistiram a vídeos de interações sociais. Depois, responderam perguntas sobre o clima da cena, o tom das conversas e a possível relação entre os envolvidos. Resultado? Os humanos bateram as respostas como se tivessem feito um bolão. As IAs… erraram como se estivessem tentando entender “Fleabag” sem saber o que é quebra da quarta parede.

Modelos de vídeo mal conseguiam descrever o que viam. Os de imagem não pescavam falas nem interações. E os de linguagem até se saíram melhor — mas com um detalhe importante: eles não analisaram os vídeos, só leram as descrições das cenas feitas por humanos.

AIceberg

O estudo não crava nenhuma conclusão definitiva, mas levanta uma hipótese tão interessante quanto preocupante: talvez as IAs estejam sendo inspiradas só na parte do cérebro humano que processa imagens estáticas — tipo uma versão robótica do Instagram, sem legenda. Resultado? Nada de nuance, nada de contexto.

Mesmo assim, elas têm lá seus talentos. Por exemplo, entender mudanças no nosso jeito de escrever. E é isso que pesquisadores da Universidade de Michigan estão explorando: como modelos de linguagem podem analisar o comportamento humano a partir do texto. Spoiler: dá medo.

A IA analisou postagens no Reddit de 6,8 mil pessoas. E, com base em padrões sutis, conseguiu prever términos de relacionamento antes mesmo dos envolvidos dizerem “precisamos conversar”. Assustador? Com certeza. E os cientistas também acham. Afinal, esse nível de precisão levanta um sinal de alerta gigantesco sobre ética, privacidade e o quanto estamos entregando (de bandeja) sobre nossas vidas nas redes sociais.

Divã Artificial

Ok, se a IA entende como você escreve, ela pode te analisar? Pode ser seu terapeuta? Não, né. Calma lá. Por mais convincente que o papo pareça, esses modelos têm mais viés do que um reality show da Netflix. Nada substitui um profissional humano.

Mas isso não significa que elas não tenham utilidade na terapia. Pelo contrário: podem ajudar em tarefas chatas, como organizar anotações, revisar sessões e identificar sintomas. Tudo isso, claro, com consentimento. Elas são tipo o Jarvis do consultório — ajudam, mas não tomam decisões.

No fim das contas, por mais que pareçam entender nossos textos, preparem relatórios e gerem resumos, as IAs ainda não entendem o que é ser humano. Principalmente quando nem a gente sabe explicar o que sente. A era das máquinas pode até estar rolando, mas, por enquanto, elas ainda não conseguem te dizer se aquele olhar no rolê foi um flerte… ou só alguém míope tentando reconhecê-lo à distância.

👀 DE OLHO NO TECMUNDO (o grande irmão)

  • Pixel 10 - Nova geração do celular do Google já tem data para ser lançada

  • Super Assistente - OpenAI quer levar o ChatGPT para o nosso dia a dia

  • Bing Video Creator - Gerador de vídeos com IA é liberado grátis para todos; saiba como usar

  • Short Ads - YouTube Premium Lite também terá anúncios nos Shorts

  • Redpill - Pesquisa mostra como canais do YouTube usam IA e filosofia para propagar misoginia

🏃‍♀️ ️ DON’T LEAVE, JUST READ (pra ler rapidinho)

🏳️ IA neutra


A Microsoft anunciou um plano para expandir sua infraestrutura de nuvem e inteligência artificial na Suíça. O investimento é de nada menos que US$ 400 milhões e o foco é a construção de novos data centers e programas de capacitação digital no país até 2030. A empresa continua ampliando sua presença global em IA e agora mira também em neutralidade política e infraestrutura estável. No fim, tudo acaba na Suíça.

🤖 AInúncios


A Meta está acelerando planos para eliminar etapas humanas do processo de criação, segmentação e veiculação de anúncios, deixando muita gente em ligeiro desespero. A meta é que, até 2026, toda a estrutura publicitária da empresa funcione com IA generativa e agentes autônomos. A empresa quer que o anunciante apenas diga o que deseja e o o robô faça todo o resto. É o fim de como conhecemos as agências?

💸 OnlyMillionaires


O OnlyFans lidera o ranking mundial de receita por colaborador, segundo relatório da Tipalti. Com US$ 398 milhões por funcionário, a plataforma superou Apple e Nvidia, que aparecem na sequência. A mensagem é uma só: a creator economy, quando monetizada direito, ultrapassa as big techs. E aí, já criou seu perfil?

🛡️Blindados por lei

O projeto de lei que prevê mudanças na aplicação de punições aos perfis de parlamentares nas redes sociais segue avançando na Câmara dos Deputados. O objetivo é blindar os perfis em redes como X, Instagram e Facebook, entre outras. O documento ainda precisa passar pelo crivo da Câmara dos Deputados e, por último, do Senado Federal. Vale lembrar que na primeira semana de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) reinicia o debate sobre o Marco Civil da Internet e a responsabilização das big techs. Em caso de aprovação nesta fase, o texto Somente depois da avaliação positiva em todos esses passos é que o projeto pode virar lei.

🧠 Investimentos cerebrais

A Neuralink, do Elon Musk, levantou US$ 650 milhões em uma nova rodada de investimentos. A grana vai financiar o desenvolvimento dos próximos chips neurais e ampliar os testes clínicos em humanos. A empresa recentemente realizou com sucesso o primeiro implante em um paciente, que conseguiu mover um cursor com o pensamento — um acontecimento que deixou todo mundo chocado. Agora com o caixa cheio, Musk deve conseguir coisas ainda mais bizarras.

✍️ A REDAÇÃO RECOMENDA

A nova economia regenerativa (leitura, 3 min, em português)
Sempre bom lembrar: o futuro dos negócios é curar, não apenas sustentar

Consciência, inteligência natural e burrice artificial (livro, 360 páginas, em português)
Um thriller sobre o passado e o futuro de uma humanidade que teve a alma capturada pelo feitiço das operações matemáticas

E Se o Tempo Não For Absoluto? (leitura, 12 min, em português)
Um convite para repensar nossa relação com o passado, o presente e o futuro nas cidades

A arte é a autoexpressão lutando para ser absoluta.

Fernando Pessoa

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