Muita data, pouco center

Servidores na era da IA

2 de junho, segunda-feira

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TECH
MUITA DATA, POUCO CENTER

Imagem: Giphy

por Nilton Kleina

O mercado em ritmo acelerado da IA não se sustenta sozinho. Para permitir o treinamento e funcionamento de modelos de linguagem, chatbots e os geradores das imagens que você manda nos grupos do Zap, o setor precisa de servidores em larga escala.

Chegamos até ao ponto em que não são só as empresas de IA que elevaram a demanda por data centers: esse é um mercado muito mais aquecido e com mais fornecedores do que nunca, o que pegou de surpresa os setores imobiliário e de fornecimento de energia.

E, assim como outras indústrias jovens e nada interessadas em frear os investimentos para não perder o hype, são grandes os riscos caso o setor não encontre um equilíbrio. 

Tem o problema atual…

Um dos fatores de risco na alta demanda por data centers já é famoso: o gasto com eletricidade. Uma pesquisa do Goldman Sachs Research diz que a demanda energética de data centers vai crescer em 50% entre 2023 até 2027, com um aumento de 165% até o fim da década. A Agência Internacional de Energia (AIE) chegou a conclusões parecidas: o consumo de eletricidade vai mais que dobrar até 2030 nesses locais.

Mas de quanto exatamente estamos falando? A AIE estima que um data center de 100 megawatts, como os atualmente em construção para lidar só com IA, pode consumir "tanta energia quanto 100 mil residências". Imagina como chega a conta de luz desses lugares.

E esse cálculo é feito sem levar em conta a absurda quantidade de água que também é consumida nos data centers, usada quase que totalmente no processo de resfriamento dessas unidades de altíssimo processamento de dados. E o mercado da IA está em uma crescente tão alta que especialistas já se conformam que ideias como atingir a neutralidade de carbono nesses lugares foi abandonada por causa da necessidade cada vez maior de expansão e consumo.

…e o problema futuro

Mas o consumo energético é apenas a ponta de um iceberg do tamanho daquele que bateu no Titanic. Para um veterano da área de data centers consultado pelo Quartz, há problemas ainda maiores (porém menos perceptíveis) que o mercado talvez só passe mesmo a se importar quando for tarde demais.

Um deles ainda está ligado com a eletricidade: a rede elétrica das cidades que costumam ou vão abrigar data centers voltados para IA pode ser insuficiente para o que esses locais precisam. 

Em vários cantos dos EUA, a malha energética já dá sinais de desgaste e precisa ser modernizada caso a inauguração de servidores siga no atual ritmo. Os problemas com a rede elétrica até já afetaram gigantes como Microsoft e Amazon, que revisaram ou até cancelaram contratos ao saber que essas atualizações levariam anos (e seriam bem caras). 

Data centers representavam cerca de 1,5% do consumo global de eletricidade em 2024, mas esse número tem subido 12% ao ano nos últimos cinco anos. Nos EUA, a fatia é ainda maior: até 2028, data centers serão responsáveis por consumir até 12% de toda a energia elétrica do país — e nem todas as regiões podem aguentar tamanha expansão, o que pode prejudicar até a energia de cidades inteiras.

Outro fator de preocupação é o imobiliário. Terrenos para construção de servidores se transformaram em um “minimercado” especulativo e superfaturado: de conglomerados do setor de imóveis até pessoas com pedaços de terra atualmente vagos, muita gente tem montado pequenas instalações de energia para abrigar servidores e alugar o armazenamento.

Isso gera não só mais demanda energética, mas também altera o urbanismo e pode mexer com os preços de terrenos de vizinhanças inteiras. E o pior? Isso tem funcionado: o especialista consultado pelo Quartz estima que entre 75% e 85% da capacidade de novos data centers que serão abertos até 2029 já estão "reservadas" para empresas interessadas nos servidores.

Brasuca Center

Uma das possibilidades já em andamento é descentralizar os servidores que mais gastam energia para outros países além dos mais visados hoje, como os próprios EUA. E olha só: o nosso Brasilzão é um dos interessados em atrair empresas de data centers para cá.

O aumento da demanda fez o país receber uma enxurrada de pedidos de autorização de data centers, e um deles deve servir ao TikTok. A localização? Caucaia, no Ceará. O problema? A cidade entrou em situação de emergência por estiagem e seca em 16 dos últimos 21 anos. 

Uma reportagem investigativa do The Intercept revela que ao menos cinco dos 22 projetos em fase de autorização ficam em cidades que sofreram sistematicamente com falta d’água e desabastecimento de alimentos nos últimos 20 anos.

Para não terminar a matéria em completo pessimisto, existe uma luz (de led) no fim do tunel: a própria evolução dos sistemas, dos chatbots aos modelos de GPU, podem ser mais econômicas no futuro, sem comprometer o desempenho. A chinesa DeepSeek já deu uma amostra de que isso é possível e o próximo modelo dela, o R2, deve fazer ainda mais barulho e esquentar a briga com outras IAs.

👀 DE OLHO NO TECMUNDO (o grande irmão)

🏃‍♀️ ️ DON’T LEAVE, JUST READ (pra ler rapidinho)

Quase brasileiro

A Alphabet, dona do Google, não desiste nunca. Durante o fim de semana, a empresa disse que vai recorrer da decisão antitruste do governo americano, mesmo o juiz federal propondo maneiras mais brandas de punir a empresa. Só para relembrar: o DOJ alega que o Google abusou de sua posição dominante no mercado de buscas ao firmar acordos comerciais anticompetitivos com empresas como Apple e operadoras de telefonia. Com essas parcerias, a empresa teria garantido 88% do mercado de buscas online nos EUA. Além disso, o processo afirma que o Google também monopolizou o mercado de publicidade online, ofuscando completamente seus concorrentes. Segundo estimativas do governo, a empresa controla cerca de 70% desse setor. Aqui tem um resumão de toda a treta.

💻 Mais um! Mais um!

A subsidiária da Microsoft na Rússia entrou oficialmente com um pedido de falência. A decisão não é lá grande novidade, já que a empresa suspendeu suas operações no país em 2022, depois da invasão da Ucrânia. A empresa manteve apenas suporte limitado a clientes corporativos já existentes, mas não vendia novos produtos nem prestava serviços regulares. A Microsoft é uma dentre várias Big Techs que encerraram ou congelaram suas operações na Rússia e no Leste Europeu, incluindo Apple, Amazon, Google, Meta, IBM, Intel e Nvidia. Com isso, a região tem aberto espaço para players chineses e russos preencherem o vácuo.

🤔 Mélhor repensar

A Méliuz, empresa brasuca de cashback e serviços financeiros, anunciou uma nova oferta de ações (R$ 150 milhões) com o objetivo de levantar recursos para comprar Bitcoin e reforçar sua estratégia digital. A movimentação segue a tendência de outras empresas que vêm adotando criptoativos como reserva de valor. A gente já falou disso aqui, quando a GameStop e a Tesla fizeram algo parecido. O problema é que a estratégia da brasileira parece não ter dado certo. As ações da Méliuz (CASH3), que acumulam alta de 220% no ano, operaram com forte baixa na sexta, logo após a companhia anunciar a novidade.

🔍 Google Perplexo?

Parece que a Samsung vai abandonar o Google como motor de busca padrão. Segundo a Bloomberg, a empresa está em negociações para integrar a Perplexity AI diretamente em seus celulares Galaxy e no Samsung Internet, seu navegador. A Perplexity é uma startup que combina IA generativa com links confiáveis, oferecendo respostas conversacionais com fontes. A Samsung quer transformar a experiência de busca e talvez redefinir a homepage da internet para milhões de usuários Android. Parece que o Google vai perder bilhões em tráfego e dados.

🎵 Sem banquinho, sem violão

Universal, Warner e Sony estão em negociações com startups de inteligência artificial que geram música, como Suno, Udio e outras, para estabelecer acordos de licenciamento e uso de catálogos protegidos por direitos autorais. O movimento marca uma virada de postura: antes, as gigantes reagiam com processos e bloqueios; agora, enxergam uma nova fonte de receita e um grande risco de perder espaço com músicas criadas por IA. Sim, chega a escorrer lágrimas, mas as IAs já estão compondo, cantando e, o pior, viralizando. 

✍️ A REDAÇÃO RECOMENDA

Para quem cansou de soluções rasas no setor de marketing (25 e 26 de junho) 
Os líderes das marcas mais influentes estarão no CMO Summit pra falar o que não dá tempo de postar no LinkedIn. Clica no link e garanta seu passe. 

Maternidade ou sucesso profissional? (leitura, 3 min, em português)
Um dilema que não precisa existir, apesar de existir…

Problemas do dinheiro (podcast, 1h, em português)
Por que tantas pessoas sofrem de fobia financeira e têm dificuldades em lidar com grana?

🤔 PENSAMENTOS DE SEGUNDA (voltamos para sua alegria!)

🖥️ Procurar por um novo computador no seu computador atual é basicamente forçar a máquina a cavar sua própria cova.

🥳 A quantidade de pessoas nascidas no mesmo ano que você nunca vai aumentar.

📺 das pessoas não veria um filme de 6 horas, mas passa 6 horas seguidas maratonando séries.

😋 A ideia de perder peso de propósito soaria maluca para a sociedade de 200 anos atrás.

Imagem: Giphy

Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa

lhe parece a existência.

Arthur Schopenhauer

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