Plástico Prime

Amazon e embalagens

28 de maio, quarta-feira

Foi hoje, só que em 1936, que o artigo de Alan Turing sobre máquinas computacionais foi enviado para publicação. Ele apresentou a perspectiva das “máquinas inteligentes”, que chamamos hoje de: adivinhem o que? Inteligências Artificiais. Mais detalhes aqui.

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TECH & FUTURO

Plástico Prime

Por Felipe Vidal

A gente sabe que você já jogou muito canudinho no chão e se esqueceu de pensar nas pobres tartarugas, mas a situação é bem pior. Vou te dar um exemplo: aproximadamente 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano. Somente 9% disso tudo é reciclado, segundo dados da UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).

É claro, tem muita gente tentando resolver esse problemão que a gente criou com o nosso consumismo desenfreado. Por exemplo, a Amazon separou um espacinho da cidade de Seattle, nos EUA, para cinco cientistas do Laboratório de Inovação em Materiais Sustentáveis desenvolverem embalagens mais sustentáveis.

A Amazon quer mais embalagens que sejam facilmente recicladas. Por mais que substituir plástico por outros materiais, como o papel, seja uma alternativa OK, nem tudo dá para ser embalado somente com papel. Assim, o plástico continua como o n.º 1 das embalagens.

“Nossa meta de longo prazo é tornar o plástico tão simples de reciclar quanto o papel”, afirma Alan Jacobsen, diretor de ciências de materiais e energia do laboratório.

Duro de roer 

A Amazon quer usar biopolímeros nessas embalagens, ou seja, polímeros sintetizados por seres vivos. Mesmo que as intenções sejam ótimas, há uma grande pedra no caminho: reciclar o plástico é muito mais complicado do que parece.

Vamos supor que a Amazon alavanque a produção dos seus biopolímeros, como o polímero de amido (PA), que utiliza polissacarídeos formados através de tubérculos e milhos, resultando na fabricação de material plástico orgânico. Embora o “bioplástico” pareça ser super natureba, ele não se decompõe automaticamente, mesmo sendo feito de fontes renováveis.

O lance é que muitos desses materiais têm estrutura química semelhante a dos plásticos convencionais, o que significa que precisam de infraestrutura adequada de reciclagem ou compostagem industrial para se decompor. Então, qual é a vantagem? 

São três pontos cruciais:

1) menor dependência de petróleo;
2) compatibilidade com rotas de reciclagem ou compostagem industrial; 
3) não liberam microplásticos tóxicos. 

Ou seja: eles ainda precisam ser reciclados e a reciclagem é sempre uma treta. Primeiro, o plástico tem muitas variantes. É aquele PET, o HDPE, PEAD, ABS, PVC, LDPE e por aí vai. Como aponta a organização não-governamental Greenpeace, é custoso demais separar todos os tipos de plástico e geralmente essa galera toda vai para o aterro sanitário.

Como aponta a própria Agência Europeia de Meio Ambiente, na fabricação do plástico esses materiais não são pensados no reuso, reparo ou na reciclagem. O custo do plástico reciclado é alto, mas mesmo assim a indústria e o público entendem o material como o de “menor qualidade”, e a demanda pelo plástico normal acaba sendo grande demais.

Life in plastic, it's (not) fantastic

Com tudo isso, engana-se que a Amazon tem a mais altruísta das ações em criar embalagens sustentáveis com ampla facilidade de reciclagem. A organização Oceana aponta que, em 2022, sozinha a companhia produziu mais de 200 milhões de kg em desperdício de plástico somente nos EUA. Isso é o suficiente para dar mais de 200 voltas ao redor da Terra na forma de almofadas de plástico.

Pela abundância dos tipos de plástico, uma perspectiva geral é que esse material possa levar cerca de 400 anos para se decompor na natureza. A Fundação Ellen MacArthur sugere que até 2050 pode haver mais plástico do que lixo nos oceanos, e a IUCN indica que 80% dos detritos marinhos são plástico.

A questão do plástico passa por dinheiro, falta de investimento, falta de educação e pouca preocupação com o futuro. Sim, a pesquisa que a Amazon está fazendo pode ser revolucionária e já foi confirmado que será compartilhada com outras empresas, mas será que é o suficiente? 

🖋️ Redação Recomenda (sim, voltamos!)

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🏃‍♀️ ️ Don't leave, just read (pra ler rapidinho)

🏛️ Entra na minha casa, entra na minha vida

Um projeto de lei em tramitação no Congresso pode obrigar as big tech a instalar data centers no Brasil como condição para continuarem operando com grandes volumes de tráfego digital no país. As telecom estão super apoiando a proposta porque alegam que há um desequilíbrio no uso da infra de rede. As gigantes, por sua vez, dizem que a medida fere a neutralidade da rede, encarece serviços e afasta investimentos no país. Essa briga não é só técnica, é geopolítica e econômica. O Congresso brasileiro virou o novo campo de batalha entre quem transporta os dados e quem lucra com eles.

💼 Buyforce 

A Salesforce está em negociações avançadas para comprar a Informatica, empresa especializada em gerenciamento de dados e integração de sistemas, por cerca de US$ 8 bilhões. A Informatica é conhecida por soluções de ETL (extração, transformação e carregamento de dados), além de ferramentas de governança e qualidade de dados — itens cada vez mais importantes na era da IA. Sem qualquer mistério, a empresa, assim como todas as outras do mundo, vem reforçando sua infraestrutura de dados para competir no mercado de IA empresarial.

🧠 Double Trouble

A Meta decidiu dividir sua equipe de pesquisa em inteligência artificial, separando o time de pesquisa fundamental da área voltada ao desenvolvimento de produtos com IA generativa. Agora, o grupo de pesquisa original, o FAIR (Fundamental AI Research), vai ficar focado em avanços científicos de longo prazo, enquanto a nova divisão vai tentar transformar IA em features nos apps da empresa.

👀 De olho no TecMundo (o grande irmão)

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  • WhatsApp no iPad - App próprio para o dispositivo com chamadas, comunidades e tudo mais

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🦜 Frase do dia

“Justificar tragédias como ‘vontade divina’ tira da gente a responsabilidade por nossas escolhas.”

Umberto Eco

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