Hackeando o DNA

Edição de genes e o futuro da biotecnologia

7 de julho, segunda-feira

Segunda pode até ser o dia oficial de começar a dieta, mas não hoje. No dia 7 de julho é comemorado o Dia Mundial do Chocolate. Então bora pegar um chocolatinho, café e começar o dia mais esperto? Boa leitura.

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HACKEANDO O DNA

Imagem: Giphy

Por André Gonçalves

A tecnologia de edição genética surge cada vez mais como esperança de cura para os pacientes com câncer e doenças genéticas raras. Ela vem apresentando ótimos resultados em ensaios clínicos publicados nos últimos meses.

O método de Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas (CRISPR) usa a proteína Cas9 como uma “tesoura molecular” para realizar cortes no DNA, inserindo, excluindo e alterando genes.

Isso abre inúmeras aplicações potenciais na saúde, como o desenvolvimento de terapias personalizadas, a modulação de respostas em doenças autoimunes e a reprogramação de células somáticas em células-tronco.

E as possibilidades de uso têm aumentado com a versão aprimorada do sistema, denominada CRISPR 3.0, que apresenta capacidades de ativação genética de quatro a seis vezes maiores do que o modelo convencional. Em alguns casos, ela ativa até sete genes de uma só vez.

Baseando-se nessa reprogramação epigenética avançada, a empresa de biotecnologia Editas Medicine conduziu recentemente um estudo envolvendo pessoas com uma doença genética que pode levar à cegueira nos primeiros anos de vida. Os resultados foram promissores, encorajando novas pesquisas na área.

👓 Melhorando a visão

Na pesquisa liderada pelo laboratório americano, 14 voluntários com degeneração retiniana causada por mutação genética, uma das principais causas da perda de visão na infância, receberam um medicamento criado por edição genética, aplicado na região sub-retiniana. O objetivo era restaurar a função do gene responsável por melhorar o funcionamento das células sensíveis à luz.

Do total de participantes, 11 experimentaram melhorias em pelo menos um teste de visão e seis pessoas apresentaram melhora em dois ou mais, de acordo com os pesquisadores. Além disso, eles relataram que a edição de genes CRISPR se mostrou segura para o tratamento, podendo se tornar uma opção de terapia para a cegueira hereditária.

O método CRISPR 3.0 usado no estudo utilizou ferramentas de precisão guiadas por IA, como explicou a Editas, para corrigir a mutação causadora da amaurose congênita de Leber (ACL), distúrbio raro que leva à cegueira precoce. A tecnologia se diferencia pela automação incorporada, monitorando a resposta das células em tempo real para calibrar a reprogramação genética, se necessário.

👶 Bebê pioneiro

Outro caso envolvendo terapia de edição genética que ganhou notoriedade foi o de um bebê com deficiência grave de carbamoil fosfato sintetase 1 (CPS1), que dificulta a eliminação de amônia pelo organismo. Por causa da doença, KJ passou os primeiros meses de vida no hospital, à base de uma dieta restritiva e com o uso constante de medicamentos.

Portador da forma mais grave dessa condição rara, o menino esteve na fila de espera para o transplante de fígado, mas melhorou após receber a terapia CRISPR. O tratamento foi projetado para agir na correção da mutação que leva ao distúrbio, sendo administrado via nanopartículas lipídicas no fígado.

Além de não ter apresentado efeitos colaterais graves, a criança diminuiu a quantidade de remédios que tomava, conseguiu ingerir mais proteínas, se recuperou de doenças típicas da idade e passou a desenvolver a função motora. Ela também deixou de acumular amônia no corpo.

Segundo o estudo divulgado em maio no periódico The New England Journal of Medicine, o garoto é o primeiro paciente do mundo a receber terapia de edição genética. Ele terá acompanhamento constante ao longo da vida para a avaliação dos benefícios da terapia inovadora.

🔮 Impactos para o futuro da biotecnologia

Também em maio, a Tessera Therapeutics, especializada neste novo campo da medicina genética, divulgou dados pré-clínicos de estudos sobre síntese e manipulação de genes de forma artificial.

Usando a técnica de gene writing, a empresa demonstrou avanços no desenvolvimento de sequências de DNA com funções específicas para tratar três doenças genéticas.

Uma delas é a anemia falciforme, que dificulta a passagem dos glóbulos vermelhos pelo sangue, obstruindo o fluxo para os órgãos. A pesquisa demonstrou mais de 20% de edição no gene HBB em células-tronco hematopoiéticas de longo prazo (LT-HSCs), alcançando níveis potencialmente curativos em modelos animais.

A Tessera também anunciou avanços nas terapias com células in vivo, demonstrando que o seu método de reprogramação genética é capaz de gerar células funcionais no organismo. Ela acredita que a técnica será útil para tratar tumores e doenças autoimunes.

Todas essas novidades podem ter um grande impacto no futuro da biotecnologia, reduzindo o tempo de desenvolvimento de terapias e atendendo pacientes que anteriormente não tinham muitas alternativas, ganhando medicamentos criados de acordo com o seu perfil. Mas essa nova era da medicina ainda depende de mais pesquisas para comprovar os resultados vistos até agora.

👀 DE OLHO NO TECMUNDO (o grande irmão)

🏃‍♀️ ️ DON’T LEAVE, JUST READ (pra ler rapidinho)

Publishers independentes contra o Google

Um consórcio formado por veículos de publicação independente na internet entrou com uma ação judicial contra a Google na União Europeia e no Reino Unido. O grupo acusa a empresa de práticas anticompetitivas de mercado com a função AI Overviews, que é chamada de Visão Geral Criada por IA na versão em português do Brasil. De acordo com a Reuters, o conjunto de veículos pediu "medidas preventivas" para prevenir o que é chamado de "danos irreparáveis" ao modelo de negócios de vários sites responsáveis por publicação de conteúdo. Até agora, a comissão responsável por analisar o caso ainda não se manifestou oficialmente. Essa não é a primeira entidade que reúne grupos de imprensa e publicação de conteúdo que protesta publicamente contra o assunto. A Visão Geral Criada por IA é o recurso do buscador do Google que agora exibe um resumo de termos procurados pelo usuário em forma de texto e tópicos, contendo os principais pontos sobre um assunto.

 

🛒 Meu carrinho, minha vida

Segundo uma pesquisa do Instituto Locomotiva, em parceria com a Amazon do Brasil, 95% dos brasileiros utilizam a famosa ferramenta do carrinho virtual para decidir se comprará ou não um produto, como uma real vitrine de loja. Dos 95% que usam o recurso para decidir a compra, 74% dos consumidores o utilizam para evitar compras impulsivas. Já 72% desse grupo enxerga o carrinho como uma “lista dos sonhos”, algo similar ao que a lista de desejos já faz. A pesquisa indica que 34% dos entrevistados passa entre 30 minutos e uma hora nesse processo. Um ponto de destaque desse levantamento tem relação com a experiência do usuário, já que 61% dos consumidores dizem sentir prazer e diversão no ato. A interação com os carrinhos virtuais opera quase como uma simulação da compra, que também atua no cenário imaginário de ter o produto.

😶‍🌫️A todo vapor

O Google revelou que suas emissões de carbono aumentaram 51% entre 2019 e 2024 — e esse número pode ser uma subestimativa. O crescimento se deu, principalmente, nas emissões de escopo 3, também conhecidas como emissões da cadeia de valor — ou seja, emissões indiretas de gases de efeito estufa (GEE) provenientes de atividades que estão fora do controle direto da empresa, como fornecedores, transporte e uso de produtos. O relatório aponta que, em 2024, foram emitidas 8,4 milhões de toneladas de CO₂ (tCO₂) no escopo 3 — um aumento de 25% em relação a 2019. Já as emissões operacionais (escopos 1 e 2) somaram 3,1 milhões de tCO₂, representando um salto de 241% no mesmo período.

🤔 PENSAMENTOS DE SEGUNDA (voltamos para sua alegria!)

🧠 Talvez os computadores preferissem que os humanos clicassem no “não aceito” mais vezes.

🧠 Já pensou que, no futuro, as pessoas podem olhar pra gente e achar que éramos obcecados por luzes e telas?

🧠 O relógio só tem sentido porque a gente inventou a pressa.

🧠 Se todo mundo fizesse silêncio ao mesmo tempo, ouviríamos o barulho das nossas próprias dúvidas.

🧠 A internet é como um grande céu noturno: todos os pontos brilhando, mas, se você procurar demais, acaba se perdendo.

Imagem: Giphy

Não é o que você tem, ou quem você é, ou onde você está, ou o que você está fazendo que o faz feliz ou infeliz. É o que você pensa sobre.

Dale Carnegie

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