📰 99 de janeiro

get back, saúde e biju

30 de janeiro, Terça 

Foi hoje, mas em 1969, que o terraço do prédio que sediava a gravadora Apple recebeu aquele que seria o último show dos Beatles. Durante 42 minutos, George, John, Paul, Ringo performaram algumas das músicas de maior sucesso do quarteto. E para quem curte a banda (ou música em geral), sempre vale indicar o documentário Get Back, que registra todo o processo criativo que antecedeu essa apresentação. ver agora!

Imagem: Giphy

Não tá tranquilo nem favorável 

Chegamos ao dia 99 de janeiro (sai do fake agosto) e não poderíamos encerrá-lo sem tocar em questões de saúde mental. Afinal, ainda estamos no famoso período do “Janeiro Branco”, que visa incentivar o diálogo aberto sobre o assunto. E como anda o mercado de trabalho? 

Uma pesquisa fornecida ao The BRIEF pelo Guia Alma, firma especializada em benefícios de saúde mental, revelou que um a cada cinco respondentes apresentou ansiedade em níveis considerados severos (3% do total) ou extremamente severo (16%).  

Além disso, aqueles com grau leve e moderado representam, respectivamente, 12% e 11% das respostas; em nível considerado normal estão 58% dos participantes. Ou seja, 42% da galera exibe níveis de ansiedade fora do convencional. O estudo foi realizado com 579 pessoas entre 2022 e 2023 nos setores industrial e de tecnologia. 

Tensão das brabas 

“As empresas terem 16% da sua equipe com casos de ansiedade extremamente severa é muito grave, pois além de a integridade do colaborador estar em jogo, isso impacta nas organizações”, alerta Liana Chiaradia, especialista em saúde mental e founder da Guia da Alma. 

A ansiedade por si só já é terrível, mas quando ela se converte em crise a coisa aperta de verdade. Dentre os sintomas estão: desatenção, preocupação excessiva, taquicardia, pensamentos intrusivos, insônia e outros. No dia a dia, isso se traduz em um turbilhão de emoções e gera bloqueio no andamento de tarefas pessoais e de trabalho.  

A mente de quem lida com esse rolê fica tão carregada, que tende a gerar momentos de paralisia, esgotamento e frustração – porque nem sempre consegue concluir suas demandas do jeito planejado. 

Uma pesquisa da consultoria de RH Robert Half, realizada no Brasil no começo de 2023, reflete essa situação. Isso porque, 44% dos entrevistados deixaram de produzir algo ou estar engajado, alguma vez nos 12 meses anteriores, por estarem emocionalmente abalados. 

Eu ouvi: contradição? 

No entanto, o mesmo relatório indica que a maioria das demissões (39,17%) rolou por “baixa performance do colaborador”. Enquanto isso, 46% dos líderes disseram não estarem capacitados para lidar com casos envolvendo saúde mental e não haver um plano que mudasse essa realidade até 2024. 

O Brasil inclusive está longe de ser o país da felicidade, como pintam por aí: conforme dados a Organização Mundial da Saúde, dominamos o primeiro lugar na América Latina em índices de transtorno de depressão. 

Aqui vale ainda mencionar o “Anuário mental nas empresas 2023”, publicado pelo Philos Org, que avaliou empresas auferidas pelo ranking Valor 1000/Exame Maiores do país para identificar aquelas com as melhores práticas nesse sentido.

Dentro da análise foram considerados, porém, negócios que publicaram relatórios de sustentabilidade. 

Ranking de saúde mental em empresas privadas atuantes no Brasil. Fonte: Philos Org-Integridade ESG/Reprodução

O certo e o justo 

Ficaram mais bem colocadas companhias dos ramos financeiro, tecnologia e comunicação, bem como comércio. A explicação por trás da boa colocação do setor “dos dinheiros” se deve a suas “matrizes [que] se encontram nos grandes centros nacionais e internacionais, combinada com as demandas da agenda ESG”, apontou o relatório. 

E a lanterna ficou com os setores de serviços, transportes e logística, além do agronegócio.

“A grande maioria das empresas e cooperativas [do agro] ou não descreve suas ações de promoção da saúde ou em vários casos sequer publica um relato integrado de sustentabilidade”, avaliou o documento. 

Ranking de empresas do agro tem pontuações inferiores às do ramo financeiro. Fonte: Philos Org-Integridade ESG/Reprodução

Vamos bater na mesma tecla e lembrar: questões de saúde mental têm alto custo e podem gerar um verdadeiro efeito cascata nas organizações.  

“Quando não é dada a devida atenção e cuidado para quem está enfrentando o problema, cria-se um clima pesado e resulta em queda de produtividade, afastamentos e turnover”, já avaliou Liana Chiaradia. 

Bora conversar? 

Ter um espaço aberto ao diálogo, investir em benefícios de saúde e iniciativas de bem-estar são ótimos passos, contudo, não resolvem tudo. Por exemplo, de nada adianta firmas com esses diferenciais se rolam burnout ou times com atividades que ultrapassam as 8h diárias e até finais de semana. 

É hora, então, de rever a forma como cada equipe trabalha, lançar orientações de gestão de atividades, enxugar demandas (sempre existe uma tarefa desnecessária) e/ou ampliar o número de colaboradores.

Investir em gestão humanizada em todos os níveis também é indispensável. Enfim está tudo aí (números e análises de experts não mentem). 

Cuidem-se, briefers — não importa se pessoa física ou pessoa jurídica! 

Alta tensão🚨

consumo energético oriundo da mineração de criptomoedas e uso de inteligência artificial deve aumentar em 30% até 2026, segundo um novo estudo divulgado pela Agência Internacional de Energia (AIE). 

  • Para ficar de olho: sabia que uma solicitação ao ChatGPT, por exemplo, consome quase 10 vezes mais energia do que uma simples pesquisa no Google?

O relatório também estima um aumento de 10 vezes no consumo energético de tecnologias envolvendo IAs nos próximos 3 anos. 

Em 2023, o aumento do nível mundial foi de 2,2%, em todo o mundo – 0,2 pontos percentuais a menos que o crescimento de 2022. Ainda assim, deve rolar salto de 3,4% em 2026, com Índia e China liderando o ranking.  

De joia a biju 💍

Esta redação contou meses atrás sobre o pedido de falência da WeWork, que já foi uma das startups mais valiosas do mundo. Agora, chegou a vez de a Byju’s seguir um caminho similar. 

Voltada para o ensino online de programação para crianças, a firma indiana passou por um pedido de insolvência (não tem grana para arcar com despesas e dívidas) de credores. Enquanto isso, o CEO da operação no Brasil, Roberto Moreno, abandonou o cargo. 

Uma reportagem da Bloomberg Línea revelou ondas de demissão na empresa entre 2022 e 2023, além de falta de pagamento do 13º de funcionários no final do ano passado.  

Ainda conforme a matéria, a Byju’s busca, no próximo mês, levantar USD 100 milhões de seus investidores por meio de uma nova emissão de ações. A operação avalia a startup em USD 2 bilhões, queda de 90% em relação ao seu pico de USD 22 bilhões e que a tornou a maior edtech do mundo.

Carteira aberta 💰

A família Trajano reforçou sua confiança no Magazine Luiza e vai injetar mais R$ 1 bilhão na empresa, enquanto o banco BTG entrará com outros R$ 250 milhões. A medida visa fortalecer sua estrutura de capital depois de tempos turbulentos para o varejo.  

A companhia experimentou uma grande expansão com o boom do comércio eletrônico em 2020. Mas desde o final daquele ano já viu suas ações despencarem 93%.  

A transação será feita por meio da emissão de novos títulos, que aumentarão a participação dos Trajano de 56% para 58% caso nenhum sócio minoritário acompanhe a injeção financeira. A ideia, além de equilibrar o caixa, é investir em novas tecnologias, principalmente nas áreas de cloud, ads, marketplace e fintech. 

Aqui, não! 🚫🐲

O governo Biden quer saber se estrangeiros – a.k.a. chineses – estão utilizando data centers norte-americanos para treinamento de modelos de inteligência artificial.

Lá na terra do Mickey existe um controle sobre exportação de chips, mas não sobre a utilização da tecnologia. Por isso, a administração quer obrigar os operadores de nuvem a detalharem quem são seus utilizadores. 

O recado é claro para a China. Há anos, os EUA vêm travando uma batalha tecnológica com o país, que se acentuou na administração Trump e continua com o atual presidente.

As atuais regras tentam dificultar o acesso aos componentes, mas a nuvem tende a ser uma das techs mais importantes para treinar modelos de IA. 

TL;DR

Ainda mais little e mais BRIEF

🫠Deepfakes de Taylor Swift se espalharam pelas redes sociais, muitas com nudes, revoltando swifties. O X inclusive bloqueou a pesquisa com o nome da cantora, e a Microsoft atualizou suas políticas de IA para tentar barrar o problema. 

🙁Cadê você? Que solidão: diversas músicas do Djavan saíram do Spotify. O mesmo aconteceu com canções e álbuns do Roberto Carlos e Gal Costa.  

🤖Reguladores antitrustes europeus melaram a compra da iRobot, fabricante do Roomba, pela Amazon. É a primeira vez que a big tech foi impedida de comprar outra companhia. 

🚁Voa, cara, voa: a Eve, startup nacional de e-VTOLs, pode adicionar USD 950 milhões à valuation da Embraer, segundo previsões do BTG Pactual. 

A Redação Recomenda

Achados para ler, ouvir e assistir

Quanto dinheiro gigantes das techs perderiam em cada minuto, caso rolasse uma grande interrupção da internet (leitura, 2min20, em inglês) 
e quanto grandes economias também perderiam 

Social media trends 2024 (pesquisa, no seu tempo, em inglês) 
material topzera para favoritar 

A tecnologia acabou com estes filmes (vídeo, 4min25, em português) 
altos enredos simplesmente não funcionariam hoje dia, briefers! 

Copycats: startups lidam com roubo de dados e imitações (leitura, 6min, em português) 
cuidado para quem você mostra seu pitch, briefer! 

Você não se preocuparia tanto com o que pensam sobre você se percebesse quão raramente alguém perde tempo com isso.  

Eleanor Roosevelt 

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