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Trump canetou o Brasil, mas nem doeu tanto

As tarifas de Donald Trump vieram acompanhadas por uma lista com quase 700 exceções. E aí, será que é tão ruim assim?

1º de agosto, sexta-feira

Chegou o tal do “mês do desgosto” para alguns (num tem um feriadinho sequer, né?), mas a verdade é que é um mês cheio de coisas legais! Além de ser o Mês do Cachorro Louco (dizem que porque é o período de cio das cadelas por causa do clima), hoje é o Dia do Selo, celebrando a história da comunicação postal. Agora uma bem boa: agosto é um dos dois únicos meses do ano que nunca começam ou terminam em um fim de semana (o outro é fevereiro em anos não bissextos).

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MERCADO
TRUMP CANETOU O BRASIL, MAS NEM DOEU TANTO

Donald Trump GIF

Imagem: Giphy

Por Igor Almenara

É oficial: o Brasil entrou no radar comercial de Donald Trump. Desde a última quarta-feira (30), uma nova tarifa de 50% passou a incidir sobre uma série de produtos brasileiros que chegam aos Estados Unidos. A canetada veio antes do prazo final, previsto para esta sexta (1º), num movimento que indica pouca disposição para negociações com Brasília.

Mas nem tudo está perdido: a mesma ordem executiva que institui o "tarifaço" traz também 694 exceções — uma lista extensa que reduz significativamente o impacto da medida.

🫢 O que ficou de fora?

Itens estratégicos para o mercado americano foram poupados da sobretaxa. Isso inclui:

  • Produtos agrícolas e minerais: castanha-do-brasil, suco e polpa de laranja, mica bruta, madeira tropical, celulose, entre outros;

  • Combustíveis e derivados: carvão, petróleo, lubrificantes;

  • Aviação: aeronaves civis, motores, peças e simuladores;

  • Veículos e autopeças;

  • Fertilizantes e ferro gusa;

  • Metais preciosos e produtos de energia.

Segundo a Amcham Brasil, a lista isenta representa US$ 18,4 bilhões em exportações, com base nos dados da United States International Trade Commission (USITC). Ou seja: o impacto para o comércio bilateral não deve ser tão agressivo assim.

Tarifaço com gosto de tarifinha (para alguns)

Com uma lista de exceções tão ampla, o decreto de Trump mais parece uma medida simbólica do que uma retaliação pesada. Ainda assim, a escolha do que tributar ou não foi claramente orientada pelos interesses econômicos internos dos EUA — especialmente para evitar o risco de alimentar a inflação local.

“A decisão de Trump reduz os impactos para empresas brasileiras, mas atende exclusivamente aos interesses dos Estados Unidos”, afirmou o economista Hsia Hua Sheng (FGV/Bank of China) ao Estadão.

Além disso, itens de uso pessoal — como aqueles levados na bagagem de brasileiros que visitam os EUA — também estão fora da alíquota.

Quem ficou na chuva?

Apesar da aparente generosidade, alguns setores relevantes foram deixados de fora da zona de conforto e sentirão o peso da tarifa. Entre os afetados:

  • Café

  • Carne bovina

  • Frutas

  • Têxteis

  • Calçados

  • Móveis

Esses segmentos têm grande importância nas exportações brasileiras. Só em 2024, o Brasil vendeu quase US$ 2 bilhões em café e US$ 1,6 bilhão em carne bovina para os EUA. Empresas como JBS, Marfrig e a Cecafé já avaliam medidas para mitigar as perdas.

E os americanos nessa história?

O consumidor norte-americano também deve sentir os efeitos — ainda que de forma moderada. Como boa parte dos itens tarifados está fora do cotidiano da maioria, o impacto direto será mais forte para importadores e varejistas do que para quem faz compras no mercado.

Dizer que o empresário brasileiro saiu ileso dessa briga é um engano, mas também não é o fim do mundo como estava previsto. A pressão, no final, é muito mais política: Trump se inseriu na briga do Supremo Tribunal Federal e a família Bolsonaro, e de tabela provoca o presidente Lula. Esse efeito, porém, não há isenção que consiga minimizar.

Mas não se espante se algum gringo reclamar no Twitter que o café da manhã ficou mais caro do que o normal.

👀 DE OLHO NO TECMUNDO (o grande irmão)

📄COLUNA (por Sergio Maria)

Prepare-se para uma nova era na internet: a chegada de navegadores como o Comet da Perplexity e o futuro browser da OpenAI marca a ascensão das IAs agênticas, capazes de pensar e agir autonomamente. Com o ChatGPT e o Google Gemini registrando crescimentos exponenciais no Brasil, o modo como buscamos e interagimos com informações está mudando radicalmente.

Entenda na coluna de Sergio Maria como essa revolução AI-first redefine a experiência do usuário, os desafios de governança e os riscos invisíveis que surgem na corrida pelo controle da informação online.

Sergio Maria
Executivo com trajetória consolidada em startups, bigtechs e mídia. Foi Chief Digital Officer da CNN Brasil, Diretor no Google para a América Latina e liderou projetos de transformação digital e inovação na Globo. Atua na interseção entre tecnologia, governança e valores humanos, com foco em transformar a complexidade digital em valor. É fundador da 42ENGINE, consultoria em inovação e inteligência artificial aplicada, e da Newscale, plataforma de IA consequente voltada ao jornalismo. Coordena o Comitê Futuro da Governança do IBGC e também atua como conselheiro e investidor em iniciativas que conectam impacto, tecnologia e futuro. Além, é claro, de colunista do The BRIEF/TecMundo.

🏃‍♀️ ️ RESUMÃO DO BRIFÃO (o remember da semana)

🗸 O CADE abriu um inquérito contra a Microsoft por suposto abuso de posição dominante, após denúncia da Opera. A acusação é que a Microsoft força o uso do Edge no Windows e Microsoft 365, dificultando a escolha do usuário e a pré-instalação de concorrentes. O Cade vai investigar se as práticas criam barreiras e prejudicam a concorrência.

🗸 O YouTube faturou US$ 9,8 bilhões em publicidade no segundo trimestre de 2025, superando as expectativas e impulsionando investimentos em anúncios de rivais como Netflix. O app em smartTVs é crucial, e a Alphabet, mãe do YouTube, teve um aumento de 13% na receita total, puxado também por Google Cloud e IA. Que grana!

🗸 O CEO da Microsoft, Satya Nadella, justificou as recentes demissões de mais de 15 mil funcionários afirmando que a empresa "está prosperando" e focada na transformação pela IA. Ele agradeceu aos desligados e ressaltou a importância de qualidade e "mentalidade de crescimento". As demissões atingiram várias divisões, como King e Xbox, com algumas funções sendo substituídas por inteligência artificial.

🗸 Empresas de IA nos EUA estão adotando uma jornada de trabalho "996", com 72 horas semanais, superando até a China! Startups no Vale do Silício usam esse esquema, prometendo altos salários por horas extras para acompanhar o ritmo alucinado do mercado de IA e atrair funcionários dispostos a encarar a rotina intensa.

🗸 A Netflix está processando o Procon-SP pra evitar uma multa de R$ 12,5 milhões! A treta é por causa do fim do compartilhamento de senhas, que o Procon considerou abusivo. A Netflix alega má-fé do órgão e diz que a multa é desproporcional, o que pode gerar insegurança jurídica para suas operações no Brasil.

🗸 A Anthropic, startup de IA e concorrente do ChatGPT, está finalizando uma captação de US$ 5 bilhões, elevando seu valor para US$ 170 bilhões — quase o triplo de março! Liderada pela Iconiq Capital e com possíveis fundos soberanos, a empresa, que já tem Amazon e Google como investidores, segue firme no mercado de IA.

🗸 O ministro Alexandre de Moraes foi sancionado pelos EUA sob a Lei Magnitsky! A acusação é de violação de direitos humanos e corrupção, incluindo "detenções arbitrárias" e restrições à liberdade de expressão. As sanções significam ativos congelados e proibição de entrada no país. O acesso a serviços como iPhone e Gmail ainda é incerto, mas especialistas veem a situação como bem subjetiva.

🗸 A Meta brilhou no segundo trimestre de 2025, superando expectativas com lucro por ação de US$ 5,16 e receita de US$ 39,07 bilhões! Suas ações dispararam, e a empresa está otimista para o terceiro trimestre. Mesmo com mais gastos em capital, a Meta conseguiu manter as projeções de despesas anuais, mostrando que os investimentos em IA estão dando resultado.

✍️ A REDAÇÃO RECOMENDA

  • Em agosto nos vemos (livro, 132 páginas, em português)

    Pra comemorar o começo do mês, essa obra póstuma de Gabriel García Márquez é uma ode à vida do melhor jeito possível. Um clássico!

  • How Bread Built Civilization (vídeo, 65 min, em inglês)

    Todo mundo ama pão, mas você sabe o quão importante ele foi pra nossa civilização?

  • Planeta dos Macacos: A Origem (filme, 105 min, legendado)

    O primeiro da trilogia “nova” que mostra como tudo nesse universo começou. A reinvenção de um clássico e uma baita obra de ficção científica!

A inovação e o comércio são ferramentas poderosas tanto para criar progresso social quanto para impulsionar o avanço tecnológico.

Kiran Mazumdar-Shaw, empresária bilionária indiana

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