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Likes não bastam
Menos ego, mais resultado

1 de julho, terça-feira
Foi nessa data que os EUA lançaram oficialmente o código postal, criando um sistema para organizar correspondências e, sem querer, dando o primeiro passo para a lógica dos clusters de dados geográficos. Anos depois, o que era CEP virou segmentação de mercado, alvo de ads e ferramenta de vigilância urbana. O endereço virou dado. E o resto é história (de cookies).
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Imagem: Giphy
Por André Gonçalves
Priorizar o número de curtidas, seguidores e views ou a reputação, a relevância e o engajamento ao escolher um influenciador para uma campanha de marketing digital? Há alguns anos, a “métrica das vaidades”, ou seja, a quantidade, era mais valorizada. Mas o jogo virou.
No ano passado, o marketing de influência movimentou US$ 24 bilhões (R$ 131 bilhões) em todo o mundo, de acordo com o The Influencer Marketing Benchmark Report 2024, aumento de quase 14% em relação a 2023. O relatório também trouxe um dado curioso: as empresas estão optando cada vez mais por nano e microinfluenciadores.
Com no máximo 10 mil seguidores nas redes sociais, os nanoinfluenciadores são conhecidos pelo alto nível de engajamento com seu público e geralmente atuam em nível local ou nichos específicos. Eles lideraram a preferência das marcas, com 44% das escolhas para as campanhas, segundo o levantamento do Influencer Marketing Hub.
Os microinfluenciadores têm o mesmo nível de engajamento e conexão com o público, diferenciando-se pelo maior número de seguidores, podendo chegar a 50 mil ou até 100 mil. No ranking de preferência das empresas, eles apareceram em segundo lugar, com 26% das escolhas, ficando à frente dos macroinfluenciadores (17%) e das celebridades (13%).
🎲Entendendo as diferenças
O dilema entre audiência e relevância também acontece no jornalismo. Nos últimos anos, os veículos de comunicação valorizaram pageviews, tempo de permanência, compartilhamentos e taxa de rejeição, entre outras métricas, tratando o leitor como um número qualquer. Porém, as empresas do setor já notaram que terão dificuldade caso continuem se baseando somente em dados tão voláteis.
Com estratégias de curto prazo adequadas, a audiência pode ser aumentada rapidamente, embora não seja possível garantir que o volume de acessos continuará no mesmo nível após um tempo. Além disso, os dados podem ser manipulados — ou até comprados — para parecer que um determinado conteúdo está em alta.
Por outro lado, a relevância depende de cuidado e responsabilidade para garantir que o conteúdo tenha significado e importância para o leitor, fazendo-o voltar à página mais vezes, tendo uma relação de confiança que exige tempo para ser construída. Em outras palavras: não adianta ter milhões de acessos se você não oferece algo relevante.
Mas, de acordo com Flávio Moreira, coordenador de parcerias e estratégia do InfoMoney, o mercado jornalístico ainda enfrenta resistência para abandonar as métricas de vaidade, que continuam como a regra padrão. “É como construir uma casa nova enquanto a atual pega fogo”, opinou o especialista, sobre a necessidade de mudança de mentalidade.
👁️ Uma nova visão
Enquanto o jornalismo segue apegado ao modelo defasado, o marketing digital já olha para novos indicadores, deixando a quantidade de seguidores e curtidas em um nível abaixo. De acordo com Suiany Freitas, publicitária e proprietária da Incomum Estratégia, as marcas querem mais do que exposição, valorizando rastreabilidade, retorno e reputação.
Para tanto, elas passaram a acompanhar indicadores como engajamento real (ER), que representa o volume de interações dividido pela base ativa e não o total de seguidores, e o Earned Media Value (EMV), que mede a economia em mídia espontânea. Outro dado importante é o sentimento da audiência, capaz de mostrar se uma campanha gerou reações positivas ou negativas.
Taxa de conversão e rejeição, que indica se o influenciador gerou cliques, levou às compras ou nenhum deles, e a relevância de nicho e retenção, conhecida por indicar se a audiência responde à ação e volta ao site, também têm grande importância. Esta última, inclusive, é tratada como uma das métricas mais valiosas do momento.
A especialista destaca, ainda, a importância de compreender o histórico do criador de conteúdo e o tipo de comunidade com a qual essa pessoa lida, antes da escolha. Isso inclui fatores como contexto social e político, aderência cultural e tom de voz, com a marca podendo abrir mão do controle da narrativa, mas sem deixar seus valores de lado.
🧱 Tijolo a tijolo
A IA está em (quase) todos os lugares, e no marketing digital não é diferente. Há criadores que existem apenas virtualmente, como a Lu do Magalu, a influenciadora criada por inteligência artificial mais seguida do mundo, e a Aitana Lopez, que ganha milhares de dólares para associar seu “corpo perfeito” a diferentes marcas. Outro nome em destaque é a Marisa Maiô.
Essas IAs influencers oferecem algumas vantagens em relação aos criadores de carne e osso, como a disponibilidade total e a estética programada. Além disso, não atrasam as entregas nem se envolvem em escândalos. Porém, o uso de tais alternativas contribui para alimentar a “teoria da internet morta”, sobre a qual comentamos recentemente aqui no The Brief.
Mesmo em um cenário no qual 57% do conteúdo da internet é gerado pela IA, conforme dados da Amazon Web Services (AWS), os influenciadores reais, sujeitos a erros e cancelamentos, continuam prevalecendo. “Não tenho dúvidas: influenciadores virtuais, IA generativa, avatares e deep fakes já estão mudando o jogo. Mas a essência da influência, a que converte, fideliza e constrói reputação, continua sendo humana”, afirma Suiany.

👀 DE OLHO NO TECMUNDO (o grande irmão)
Roubo de dados - Golpe usa falso DeepSeek em PCs
MacBook mais barato - Apple deve lançar computador mais barato com chip do iPhone
Adeus da LG - Empresa encerra assistência técnica e sai de vez do mercado de smartphones
Problemão - Meta pede permissão para acessar a galeria do seu celular e processar fotos usando IA
Ações agendadas - Gemini libera para todos os usuários função que programa tarefas
🏃♀️ ️ DON’T LEAVE, JUST READ (pra ler rapidinho)
🏍️ Sem capacete, sem regra
Procon-SP autuou Uber e 99 por ofertarem mototáxis sem regulamentação no estado, o serviço, apesar de disponível nos apps, não tem autorização legal em São Paulo. Segundo o órgão, as plataformas também falharam em informar claramente os riscos e as condições da corrida. As empresas podem recorrer, mas o recado foi dado: inovação sem regra, só até a esquina.
📈 Up no PIB
Um relatório da Microsoft com a IDC projeta que a inteligência artificial tem potencial para aumentar o PIB do Brasil em R$ 2,1 trilhões nos próximos 15 anos. O impulso viria de ganhos de produtividade e automação, mas depende de infraestrutura, políticas públicas, capacitação e cultura de inovação. O Brasil está no jogo, mas ainda no aquecimento.
💸 Longe de ser ONG
Apesar da fama de “gratuito”, o ChatGPT já se tornou uma máquina de fazer dinheiro. A OpenAI lucra com o plano Plus (US$ 20/mês), vendas de API para empresas e acordos com gigantes como a Microsoft, que integra a IA ao Copilot. O modelo freemium serviu como porta de entrada, mas o plano sempre foi B2B.
⚖️ Império contra-ataca
Um juiz federal negou o pedido da Apple para arquivar um processo antitruste que a acusa de manter um “monopólio disfarçado” no mercado de smartphones. A ação alega que a empresa sufoca a concorrência ao dificultar integrações com o iOS e restringir serviços de terceiros, especialmente mensagens, carteiras digitais e smartwatches rivais. O caso vai a júri.
💌 Alta fidelidade
Apesar de testar o chip de IA da Google, a OpenAI garante que não tem planos de largar os GPUs da Nvidia ou os chips da AMD e segue a todo vapor desenvolvendo seu próprio chip customizado, que deve sair da prancheta ainda este ano. O contrato com o Google Cloud foi fechado só para garantir escala, sem mudança de rota. A jogada mostra uma OpenAI pragmática: diversificando infraestrutura sem virar refém da rival, mantendo autonomia tecnológica e financeira, enquanto a Google passa a abrir suas armas, antes exclusivas, para o mercado.
🖋️ REDAÇÃO RECOMENDA
O futuro acabou (podcast, 40 min, em português)
Uma conversa sobre como perdemos o encantamento com o futuro com MC Carol, Tasha & Tracie e mais.
Por que homens não escutam e mulheres não entendem mapas (livro, em português)
Um clássico da neurociência pop que ainda ajuda a entender os (vários) ruídos entre gêneros.
Se lembra do BlackBerry? (filme, 2h, em inglês)
A ascensão e queda do celular com tecladinho que quase dominou o mundo — antes do Vale do Silício engolir.
A vaidade é uma forma de autoafirmação em uma cultura que cobra performance constante
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